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Professores de escolas paulistas planejam aulas com foco no protagonismo dos estudantes

Formação em metodologias ativas é oferecida pela Tríade Educacional com a Parceiros da Educação em três escolas da rede estadual

Professores de 6o a 9o anos de três escolas da rede estadual de São Paulo – EE Lasar Segall, EE Profa Marisa de Mello e EE Prof Lourenço Filho, todas na capital – estão passando por formações em metodologias ativas e aprendizagem baseada em projetos desde o início deste ano letivo. A parceria da Tríade Educacional com Parceiros pela Educação, teve início em 2021, com um curso para formadores da rede sobre estratégias de formação online.

As formações docentes envolvem sempre reflexão e prática. Como os professores já desenvolvem uma série de atividades com seus estudantes no decorrer do curso, eles podem sentir na realidade de suas aulas quais são os maiores desafios, discutir possíveis caminhos e adaptações junto com os colegas e os formadores.

“Temos estabelecidos os objetivos de aprendizagem, que guiam o processo, mas como os professores já vão aplicando o que aprendem, conseguimos ver os resultados a cada encontro. Dependendo do que eles trazem, do que já sabem, do contexto de suas salas de aula, vamos adaptando”, afirma Danielle Toledo Pereira, formadora da Tríade.

Segundo Danielle, que coordena o projeto, os professores das três escolas têm se mostrado empenhados. “Cada escola é diferente, fica numa região diferente, tem um público diferente. Em comum, os professores são muito participativos e trazem muitos questionamentos. É interessante eles terem essa oportunidade de falar, debater, discutir, o que mostra que eles querem ver uma melhoria na sala”, diz.

O espaço que os professores têm para questionar e fazer propostas durante sua formação serve como modelo para que façam o mesmo com seus próprios alunos. “É o que chamamos de homologia de processos. O professor pratica, depois leva para sua sala de aula e, assim, vai se construindo o saber novo”, explica Danielle.

Deixar o protagonismo para quem está aprendendo é uma das chaves para a metodologia da Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) – e nem sempre passar um projeto como atividade para a classe significa dar centralidade aos estudantes.

“A ABP tem uma estrutura bem organizada para ajudar o professor a desenvolver projetos em que os estudantes sejam protagonistas no processo”, diz Elisangêla Florentino, também formadora da Tríade.

Ter uma estrutura, contudo, não implica em rigidez. “O trabalho docente deve ter uma maior flexibilidade na condução, porque os estudantes vão fazer escolhas e podem modificar o que o professor tinha pensado inicialmente”, relata Elisângela.

A ABP precisa de uma questão norteadora, capaz de engajar os alunos, e uma ação que resulte num produto final. Com clareza dos objetivos de aprendizagem, o professor torna-se, portanto, um “guia”, alguém que vai conduzindo a turma para que se atinja o objetivo, mas possibilitando que a construção do produto final seja criativa e colaborativa.

Pertencimento
O senso comum diz que na segunda etapa do ensino fundamental os estudantes começam a perder o interesse pela escola. De fato, as turmas dessa etapa podem ser desafiadoras, mas ainda assim é possível promover um trabalho coletivo e participativo com elas.

É o que mostra a experiência da professora de português Roseli Cordeiro Cardoso, que está participando da formação da Tríade e construiu rubricas de correção junto com seus alunos de 6o ano. “Eu já conheço rubrica de outros carnavais, mas depois da formação eu tomei coragem para ir para um outro passo: fazer a rubrica junto com meus alunos”, conta ela.

Primeiro, a professora mostrou para os estudantes como funcionava uma rubrica, quais os critérios que consideraria para a avaliação, quantos pontos cada um valeria. “O feedback foi muito positivo, porque depois da correção eles entenderam perfeitamente como eu cheguei nas notas”, diz.

Quando foi propor uma outra atividade, a docente então convidou a turma a participar da criação da rubrica. “Foi menos desafiador do que eu pensava, porque eles já conheciam o processo. Eu sugeri algumas coisas, eles sugeriram outras. Um dos itens que veio deles: tem que ser a letra bem feita – e eles têm toda a razão. Foi maravilhoso”, garante Roseli.

Chamar os estudantes para participar da elaboração da rubrica não é um projeto em si, mas é algo que pode ser usado tanto para a avaliação do produto final de um projeto, como para outros tipos de avaliação escolar. De qualquer forma, ela produz e sensação de pertencimento ao processo, com efeitos benéficos para o aprendizado cognitivo e desenvolvimento de atitudes. O aluno se esforça para entregar o que realmente importa e o sentimento de se sentir injustiçado com uma nota desaparece.

“Eles precisam se sentir envolvidos. Quando se sentem parte daquele trabalho, eles se dedicam. Dizem que estudantes dessa fase são jovens difíceis, mas isso acontece quando quem traz o modelo é o professor, a escola. Na verdade, eles produzem e são criativos”, diz Cintia Azevedo Marques, formadora da Tríade.

Equipe docente da EE Prof Lourenço Filho com a formadora Cíntia.

Cintia, que está responsável pela formação em metodologias ativas na escola estadual Prof Lourenço Filho, conta que agora o anseio dos professores é mostrar para a sociedade o que tem sido produzido dentro do colégio.

“Eles querem compartilhar com a comunidade – e é isso que estão planejando. A escola toda faz trabalhos muitos bonitos, mas que ficam ali, dentro daquelas paredes. O entorno deveria saber o que está acontecendo, até para darem mais valor à educação”, afirma a formadora.


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