O autor alerta, portanto, que o papel do professor é apoiar na construção de propósitos (poderíamos até pensar em uma relação com os inéditos viáveis de Freire) a partir de necessidades geradas por impulsos, mas que só se transformariam em ação a partir da “observação inteligente, de busca de informações e de julgamento lúcido”. Nesse sentido, o autor alerta para algo que muito defendemos em experiências de aprendizagem com foco em metodologias ativas que é o papel do professor na condução, no planejamento das ações a serem desenvolvidas pelos estudantes. Protagonismo do estudante, estudante no centro do processo, desenvolvimento da autonomia não significa que cada um fará o que quer, quando quer e como quer sem que tenha o apoio de um par mais experiente que, na educação escolar, é o professor. Também não significa que o passo a passo desenhado pelo educador será de tal forma engessado que todos os estudantes caminharão no mesmo tempo, ritmo e percurso. O equilíbrio entre a condução das experiências de aprendizagem de forma colaborativa, contextualizada e alinhada com as necessidades da ação que se pretende promover e que estejam conectadas ao propósito é fundamental para o desenvolvimento de competências e habilidades.
Assim, o autor reforça a importância da “continuidade da experiência”, diferenciando a experiência “de valor educativo” da experiência “sem valor”. A experiência de valor educativo se conecta com experiências anteriores e se articula com experiências futuras, tornando a aprendizagem um entrelaçamento em que o “passado” é meio para compreender o “presente” e desenhar o “futuro” no estabelecimento de propósitos.
A experiência sem valor, por sua vez, é aquela interessante, divertida, mas que não promove a aprendizagem. Nesse sentido, há contraposição entre experiências pontuais, como o uso de um recurso digital (um jogo, uma nuvem de palavras, uma enquete) descontextualizado daquilo que se pretende desenvolver e o efetivo uso de um recurso que promove a ação, a reflexão e a construção de conceitos (que é o que se defende nas metodologias ativas). Infelizmente, com as experiências “sem valor” perde-se a oportunidade educativa, defende-se que houve uso de metodologias ativas (sendo que se tratou de uma prática isolada) e toda uma reflexão sobre uma educação que promove o desenvolvimento do estudante pode ser desacreditada…
O interessante de estabelecer relação entre as reflexões desses autores (entrelaçar o passado) com o que observamos hoje na educação (entender o presente) nos ajuda a pensar os melhores caminhos (desenhar o futuro) para evitar equívocos e o desmerecimento de propostas que muito se conectam com os estudantes de hoje e que poderiam ser melhor exploradas (experienciadas!) no dia a dia das escolas.